quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ingenuidade ou desonestidade intelectual?

Votar em Marina pelos motivos errados é voto inútil. O PV – ao contrário da maioria dos partidos de cunho ambientalista no mundo – é de direita no Brasil, em favor do capital, e defende a bandeira daqueles que vão contra os interesses coletivos. Só por isso já não vale a pena, já que, embora à candidata “pareça” emanar do povo, alia-se de forma implícita aos tucanos e seus aliados lesa-pátria. Não tem o menor compromisso com o Brasil. Faz um discurso genérico e vazio, se apresentado como uma terceira via. Além disso, nos debates mostra-se fraca e insegura quando questionada de forma técnica – como no caso da usina hidrelétrica de Belo Monte – e, ao contrário da Dilma, não mostra qualquer conhecimento técnico em suas respostas.

Quem vota em Marina sem ter uma justificativa plausível para este voto, ou é ingênuo ou desonesto intelectualmente.

Dizer que vai votar nela por sua história, por exemplo, é curioso. Qual história? Deixou um legado completamente débil quando ministra e foi “convidada” a sair. Ter sido adotada e ter vencido na vida “apesar de tudo”, não é mérito para isso tão pouco. E o mais curioso nas dificuldades da Marina é que ela não as teve. Porque, ao ser inserida no contexto de uma família que podia lhe dar condições de estudo, tais dificuldades não merecem relato como algo fora do comum. Por este ponto de vista, votar nela é ingenuidade.

Votar na Marina porque a Dilma é do mal, é a favor do aborto, vai restringir a liberdade religiosa entre outras tantas asneiras que rondam a internet e as igrejas de pastores mal intencionados e com medo de ver seus fiéis tendo acesso a mais informações (Plano Nacional de Banda Larga, por exemplo) tornando-se assim pessoas mais questionadoras é desonestidade intelectual. Não cabe.

As pessoas precisam questionar, não podem somente aceitar e-mails fraudulentos sem qualquer base factual. Assim como, denúncias vazias feitas por jornalecos e revistas do grupo Abril (Veja, para citar o caso mais clássico), emissoras de TV moralmente falidas e endividadas (como a Globo que morre de medo de ter sua dívida com o Governo “protestada”).

Citando o exemplo da tentativa de pastores em influenciar os votos dos seus fiéis, cito meu falecido avô.

Meu avô em sua atuação como pastor nunca tentou guiar as pessoas, nunca dependeu da igreja financeiramente. Era um excelente funcionário público, uma pessoa de Fé, de família, atento e respeitador das liberdades. Mesmo naquela época que, a tentativa de manipulação era mais branda na questão “Estado versus Religião”, por suas atitudes e por seu legado como homem, notava-se que ele sabia a diferença entre uma coisa e outra.

Religiões têm suas doutrinas e isso não cabe a todas as pessoas da face da terra, para que sejam salvas. Tê-las é algo silencioso. É escolha. Cada um tem a sua ou não a tem e ponto.

O Estado, este sim, tem que cuidar dos interesses de TODOS. Promover a liberdade, dar garantias a quem quiser ser ou pensar de uma determinada forma por questões religiosas (por exemplo, ser budista, ser espírita, ser evangélico, ser católico, ou ser qualquer outra religião é direito de cada um e merece respeito). E é claro para qualquer pessoa que pense na coletividade perceber que o Estado tem, sim, que também garantir os direitos das pessoas que vivem com outras do mesmo sexo – isso é escolha, é liberdade -, visto que se viveram por anos e caso uma delas morra, porque a outra tem que ficar a ver navios em relação ao patrimônio constituído por ambas só porque cometeu o “pecado” de ser como é e viver como quer?

Meu avô deve estar se lamentando lá de cima.